domingo, 10 de agosto de 2008

Georgia on my mind...

Quem viu, leu ou ouviu as notícias essa semana sabe dos combates entre Rússia e Geórgia pela posse da região da Ossétia do Sul. Russos malvados? Ou mocinhos defendendo o direito da Ossétia do Sul à independência política (o que seria a maior de todas as ironias, em se tratando da Federação Russa)?

Em 1991, meses antes da queda do governo soviétio, Eduard Chevarnadze, ex-ministro de relações exteriores da União Soviética e aliado dos Estados Unidos, liderou uma revolução pacífica que culminou com a independência prematura da Geórgia. O backup americano foi sentido quando, logo depois, Chevarnadze reprimiu com violência a revolta da Ossétia do Sul, que também havia declarado sua independência na mesma época. Ninguém interferiu, porque a Ossétia do Sul, parte da antiga República Soviética da Geórgia, era apoiada por Moscou, e a repressão dos rebeldes era uma vitória para os americanos.

No decorrer dos anos 90, Chevarnadze se revelou um tiranete, conduzindo a Geórgia por seus próprios caminhos, desalinhando-se com o Ocidente. Um títere "mal agradecido". Em 2003 a sua reeleição foi contestada por um grupo ligado a George Soros, e, com um pesado aparato de propaganda, houve mobilização nacional para depoir Chevarnadze e recolocar no governo outro cidadão disposto a operar de acordo com os interesses da América, Mikheil Saakashvili.

Os separatistas da Ossétia do Sul - uma região de língua ariana e importante minoria muçulmana, em contraste com resto da Geórgia - continuam apoiados pela Rússia. Ao contrário da sutileza dos Estados Unidos na manutenção da hegemonia sobre a Geórgia - por onde passa um importante oleoduto que liga o Azerbaijão e o Mar Negro - a Rússia resolveu que é a sua vez de jogar o jogo internacional à sua maneira.

Estamos em 2008, e a única coisa autodemoninada "comunista" de relevância no mundo é aquele capitalismo de Estado da China. Mesmo com o fim da União Soviética, Rússia e Estados Unidos continuam travando batalhas pelo controle de influência da política e economia mundiais. Isso mostra a grande babaquice que era a Guerra Fria, e os embates quase teológicos entre comunistas e capitalistas, quando na verdade a polarização entre Estados Unidos e União Soviética não passava de uma luta bruta pelo poder, desprovida de qualquer ideologia. E continua até hoje.

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