segunda-feira, 19 de julho de 2010

Kasparov, eu escolho você!

Como as atualizações do meu blog são exibidas no meu facebook, e nelas, as primeiras linhas são as que aparecem, é sempre bom ter algo inteligente ou engraçado pra dizer na abertura dos posts, senão ninguém lê :^P

Esses dias me lembrei do Deep Blue. Alguém se lembra? Era o supercomputador construído pela IBM em 1996, que pretendia se tornar o novo paradigma em tecnologia e processamento de dados. Para provar sua eficiência, organizaram um mini torneio de xadrez entre a máquina e o azeri-russo Gary Kasparov, o maior enxadrista do último quartel do século passado e talvez o melhor de todos os tempos. Kasparov venceu três partidas, empatou duas, e perdeu uma. A IBM ficou tão Deep Roxa de vergonha, e após grandes atualizações (que, possivelmente, incluía jogadores humanos acrescentando dados ao computador entre as partidas), reverteu o placar no ano seguinte. De qualquer forma, o computador foi aposentado logo depois.

Lembrei disso porque estava numa discussão orkutiana sobre jogos em que você era imbatível. Uns diziam ser imbatíveis aqui e ali (eu era muito bom em Super Monaco GP do Mega Drive), até que alguém lembrou de Pokémon. E lá vou eu de Pokémon de novo.

Apesar de tudo, Pokémon é um jogo muito inteligente. Assim, o modo aventura, o jogo mesmo, contra a máquina, não é lá muito exigente de massa encefálica, quando muito, você só precisa conhecer o alfabeto pra se dar bem. Mas os jogos da série, desde os primeiros, tem um recurso que permite que você entre em batalhas com outros jogadores. Neste caso, você arma o seu time de até 6 pokémons e precisa derrotar os tantos do seu adversário. O que no começo eram 151, hoje são quase 500 espécies diferentes, cada uma com particularidades, pontos fortes e fracos, mais efetivas ou menos contra determinados tipos de pokémons. Cada pokémon pode usar até 4 técnicas diferentes, entre ataque, defesa, modificadores de status e atributos. São tantas variáveis, que é impossível montar um time que seja imbatível, porque, por mais forte que seja, não existe Pokémon que não seja vulnerável a um determinado tipo de golpe. Então a vitória é determinada pelo conhecimento que o jogador tem dos pokémons, suas virtudes e fraquezas e as possibilidades de movimentos que eles permitem, e a sua capacidade de, no meio do combate, prever o que o adversário está preparando e antecipar o seu ataque. É, de uma maneira meio absurda, algo parecido com o xadrez: não existe só uma maneira de vencer, e não existe uma sequência de lances que seja indefensável, não há uma fórmula para um xeque mate automático. E sempre se deve jogar calculando as possibilidades de movimento de acordo com os atributos e a posição de cada peça, prevendo e deduzindo o que o oponente está planejando. Contudo, há maneiras de perder, erros crassos que, se cometidos, podem entregar a vitória ao adversário (o xadrez é até magnânimo ao impedir que um jogador faça um movimento errado que coloque seu rei em posição de xeque mate, coisa que Pokémon permite). É o que todo designer de jogos procura.

A vida apresenta muito mais variáveis do que o xadrez (mais do que Pokémon, provavelmente :^P). Não há uma só maneira de vencer os desafios impostos no trato com as pessoas, com a carreira, com os negócios, mas há muitas maneiras de entregar o ouro ao bandido.

Um comentário:

Celso Affini disse...

Se for ver a maioria dos jogos eletronicos que encaro, tem muita estrategia envolvida... Isso nos mais antigos, a geração atual aposta em tutoriais e acabar tirando esse lance da estrategia que os jogos mais simples tinham e os tornavam desafiadores... Hoje meu sobrinho de 5 anos termina um God of War, mais não num Ghoul´s And Ghost´s... Pq será?

 
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