domingo, 5 de setembro de 2010

Em 2012, ninguém mais lerá isso

Eu sou uma pessoa low tech. Quando era garoto, entrando na adolescência, eu estava sempre por dentro das novidades da informática, graças ao meu pai, que resolveu investir na nossa própria "revolução tecnológica" no fim dos anos 80, trazendo para casa computadores modernos (um XT 286 com monitor verde), impressora (uma matricial da largura de um carro que imprimia formulário contínuo), softwares (Lotus 1,2,3, Print Master, joguinhos, e até um aplicativo que lia em "voz alta" o que se escrevia), e assessórios (um scanner de mão em preto e branco).

Com o tempo e a impossibilidade financeira de me manter atualizado, fui ficando para trás, e como tentar alcançar a ponta dessa corrida era inútil, basicamente perdi o interesse pela parte técnica da coisa.

Novamente, eu sou uma pessoa low tech. Não que eu seja uma toupeira na frente de um teclado, até sei um truque ou dois. Até consigo impressionar um ou outro usando atalhos no teclado quando se esperaria que eu levasse a seta do mouse até o menu para aplicar algum comando, mas perto de alguns dos meus amigos, isso é ridículo. A rapaziada que mexe com games, programação, e edição de imagens sempre tem máquinas poderosíssimas nas mãos, ou, pelo menos, muito melhores do que a minha. E eu, sinceramente, não me divirto nem um pouco abrindo códigos fonte, analizando dados, rodando anti vírus, mexendo em configurações, soldando capacitores, etc. Minha ferramenta favorita ainda é o martelo.

Meu computador tem 5 anos de idade, e quando eu o comprei, ele já era o basicão da época. Foi minha exigência que ele contivesse o mínimo possível de recursos, para não inflacionar o preço, até porque eu não via perspectiva de adquirir jogos que exigissem uma configuração mais poderosa, e a máquina ficaria em grande parte ociosa.

Um computador de 5 anos de idade não é mais aquele menino sapeca que sai correndo toda vez que você liga. É um senhor idoso, que qualquer probleminha de depressão pode desencadear falhas em vários sistemas. Desde garoto eu dependi de PCs por mais tempo do que o recomendado, e sem todo o cuidado necessário para mantê-los em bom funcionamento. Sempre foi uma quebradeira. Naturalmente, olhando o que os técnicos faziam, tanto em soft como em hardware, alguma coisa eu aprendi, bem como a observar sintomas para descobrir o que está errado. No meu computador atual jé precisei trocar cooler da placa de vídeo, HD, dois mouses, duas fontes, e ainda coloquei e retirei uma placa SoundBlaster 16 antiquíssima (pq meu pc não tem entrada dos joysticks de antigamente).

Eu já estava planejando aposentar a máquina e comprar um notebook básico, para não ter que gastar mais dinheiro mantendo uma máquina obsoleta. Há meses, contudo, meu monitor apresentou problemas bizarros: a imagem aparecia, apagava, mudava de cor, se qualquer aviso. Abri o monitor e passei a fazê-lo funcionar com as próprias mãos, literalmente. Eu esperava que ele resistisse o suficiente até eu comprar o laptop, mas ontem quando liguei, ele deu uns estalos, e tudo que aparecia era uma faixa de luz, com raios em volta. Tive que comprar um novo. E resolvi que, ao invés do note, meu próximo investimento será em uma nova placa mãe+memória+processador, e começar uma vida nova com meu pc híbrido.

Mas eu confio que, um dia, poderei trabalhar e me divertir sem a dependência de uma máquina. Por isso, faço votos para que em 2012 haja um colapso civilizacional e o mundo se torne algo parecido com Mad Max.

Nenhum comentário:

 
eXTReMe Tracker